Chico morreu na hora certa!

Humorista Chico Anysio

Por Jader Soares – Humorista

Existe hora certa para alguém partir desta para a “melhor”? Uns dizem que sim, outros, que não! Mas, quem somos nós para entender os desígnios da sorte ou da morte?

O ser humano nasce para permanecer na terra por um período médio de 75 anos. Mas tem uns que ultrapassam os 100. Já outros não chegam a fase adulta. E por aí vai! O certo é que tem morte para todo intervalo de idade.

E há mortes mais sentidas que outras. Isso depende de uma enormidade de fatores em torno de quem parte: por que parte, como parte, e com que idade tá deixando esta vida para trás.

Vou deter-me aqui sobre a morte do humorista Chico Anysio, que se foi aos 80 anos e 345 dias de idade, há exatos 10 anos, numa tarde do dia 23 de março de 2012. Quando Chico morreu eu não pensava assim, mas hoje, é assim que penso: CHICO MORREU NA HORA CERTA!

Chico respirava humor e era genial no humor inigualável que fazia, sempre prezando pelo social; sendo a voz do povo pobre e sofrido deste país chamado Brasil. E você sabe, né?! quando a denúncia é feita com graça, atinge em cheio e melindra o denunciado, para o deleite e felicidade geral de quem sofre com a ação do explorador. Que poder extraordinário tem o humor!

Mas, por que afirmo que o filho de Maranguape partiu na hora certa? Falo isso porque, sendo Chico um ser intenso (e bote intenso nisso!) em tudo que fazia, não consigo visualizar conforto do mestre, diante da onda das redes sociais, onde o FLA x FLU está instalado… e olhe que Chico era doido por futebol, tendo inclusive sonhado um dia “ser craque da pelota ao se tornar rapaz”.

Vamos lá! Peguemos um simples exemplo, elegendo um dos 209 personagens que Chico tinha: Salomé… àquela senhorinha chique de Passo Fundo, RS, que sempre ligava para o presidente de plantão! O primeiro a receber chamadas foi Figueiredo (João Batista de Oliveira Figueiredo), o último presidente do regime militar instalado em 1964: “João Batista… como vai, guri?” Aí, depois veio Sarney, Collor, Fernando Henrique, Lula e Dilma. Dilma, foi a última presidente a atender as ligações da Salomé.

Agora, imagine você, se a gaúcha ainda estivesse por aqui, e ligasse para o “mito”?! E, depois daquela conversa inicial, que sempre era amistosa, viesse, no finalzinho do telefonema a seguinte pergunta: “É verdade que quando vocês estão num restaurante em família, a conta é dividida por todos, ou seja, é bem rachadinha?! Ué! Desligou!!!”

Seria um Deus nos acuda nas redes sociais! Xingamentos etc, coisa e tal!

E isso com certeza tiraria Chico do sério!

Parar de criar e fazer graça, não pararia. Talvez até tentasse se adaptar aos novos tempos; mas, com a impulsividade que tinha de produzir, acredito que a imbecilidade e os comentários sem eira nem beira, o fariam refletir, e talvez, até calar-se!

Chico morreu na hora certa!

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