Sobre Massapê – “Entre Natal e Ano Novo”

Que beleza!

Que maravilha é a chegada das comemorações de fim de ano: Natal e ano novo!

            Quem é do interior sabe que a Praça da Matriz é o símbolo principal da cidade (a praça e a matriz). Sendo Natal, então, a praça fica mais bela. Pelo menos no tempo que eu morava em Massapê era assim que acontecia. Hoje, 2021, não sei!

            Lembro que era erguido um mastro, de aproximadamente 8 metros de altura, e de seu topo, descia várias peças de fios até ao chão, no formato de uma empana de circo. Em cada fio, luzes de todas as cores. Quando as luzes acendiam, nossos corações de crianças se enchiam da magia colorida do Natal.

            Na noite do dia 24, era uma animação só! O comércio, que normalmente fechava as 5 da tarde, ficava aberto até 9, 10 da noite. Enquanto isso, nos lares, a ceia era preparada. Papai sempre convidava algumas pessoas para sentar à mesa com a gente. Interessante, é que o convite não era previamente combinado.  Quem fosse passando pela nossa rua ou na rua que ficava entre a casa do seu Antônio Irene e seu Toim Aguiar, ele chamava. A única exigência era que fossem pessoas humildes, que na percepção dele, não teria o que cear. Isso aconteceu por todo o tempo que morei em Massapê. Mamãe caprichava e fazia uma comida maravilhosa!

Pra nós, crianças, era tudo alegria. Na noite de Natal, a gente podia ficar acordado até tarde. Menino adora ficar acordado até tarde! E ainda tinha a Missa do Galo! As badaladas do sino da igreja invadiam toda a cidade! E, ao deitar para dormir, era agradecer a Deus e pedir para que o Papai Noel não esquecesse de trazer nossos presentes, e colocá-los debaixo da cama ou da rede. Aí pronto! Dia 25 a festa continuava. Agora, com cada um exibindo seu brinquedo deixado pelo bom velhinho.

            Eram carrinhos, bolas, gaitas. Eu gostava muito quando ganhava gaitas. A gente ficava imitando os músicos da banda da cidade; dentre eles: Seu Raimundo Adeodato e Seu Manoel de Barros. 

Dia 29, ainda tinha o aniversário da mamãe. Se viva fosse, Dona Raimundinha estaria completando 97 anos, neste 2021. Eu não me lembro da mamãe comemorar o aniversário dela ou do papai. Já, nos aniversários dos filhos, sempre tinha bolo e guaraná para os de casa e os amiguinhos mais chegados.

Dia 31 era a festa no Clube! Criança, lá de casa, eu só ouvia o som; rapazote, eu ia! Meia-noite, quando o relógio da Coluna da Hora badalava as últimas 12 horas do ano, o radialista Robério Mendes Carneiro pegava o microfone, proferia palavras bonitas e convidava a todos para cantar o Hino Nacional. Depois do hino, a banda voltava, agora, cantando só música de carnaval.

Ê, clima bom e de paz, vivíamos entre os dias de Natal e ano novo em Massapê!

Árvore figurativa, tirada da internet

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Sobre Massapê – “Carta ao meu pai”

        Seu Gerard Soares, meu pai

…Pois é! Calhou de hoje, 2ª segunda-feira que escrevo Sobre Massapê, ser dia 20 de dezembro/2021, aniversário do seu Gerardo Soares, meu pai. Papai completaria 103 anos, se vivo fosse, justamente hoje.

        Reproduzo aqui, uma carta que publiquei no dia 20 de dezembro de 2018, ano em que papai completaria 100 anos:

Fortaleza, 20 de dezembro de 2018

Meu querido pai

A bênção!

Pra começar, meus parabéns! Afinal, hoje é o seu aniversário de 100 anos! Aí no céu tem bolo?

Desejo que esta carta encontre o senhor com muita paz de espírito ao lado da mamãe, dona Raimundinha, e de meus irmãos: José Francisco, Vandinha, Oninha e Nini! Quanto a nós, os outros dez que continuamos aqui no mundo terreno, tudo bem! Todos estão mandando os parabéns: o Ari, o Rômulo, o Antônio José, a Socorrinha, o Gerardim, o Chico, o Wellington, a Nandila e a Tatá!

Geramos mais de meia centena de filhos, seus netos! Às vezes penso que o senhor é um deles!!!

Pois é! E o senhor que nasceu em Massapê, num 20 de dezembro como hoje, está completando 100 anos (1918 – 2018). 73 deles, passou aqui com a gente. Há 27 nos encontramos só em sonhos e pensamentos.

O senhor, meu pai, continua sendo nossa referência de cidadão. Homem pacato; trabalhou durante a vida todinha para nos educar, principalmente para vida… Para que nós soubéssemos chegar… e sair… em qualquer lugar. Sermos respeitosos e éticos… Isso, e principalmente isso, devemos e somos muito gratos ao senhor.

…Pai, gostaria de lhe dizer muitas coisas hoje, mas, para  ser sincero, não sei bem exatamente o que dizer! Não por falta de assunto.  Muito pelo contrário. É que são tantas as lembranças, que me  embaralham a cabeça, e chegam a escorrer pelos olhos…

Hoje eu tô com quase 57. Quando o senhor viajou, eu tava com 30.

…Dos seus passos largos, guardo a lembrança de quando eu era criança… Uma passada do senhor, dava bem três das minhas…

…O seu assobio… Vixe! O seu assobio era uma ordem!

…E a cadeira de balanço, toda noite na calçada, pra tomar um vento e jogar conversa fora?! Eita! Às vezes, também, o senhor cantava umas músicas. Recentemente, conversando com a Maria do Carmo da D. Laura Aguiar, nossa prima, ela me falou: “pois é, o seu Gerardo cantava e era bem”!   Que lembrança boa, a da cadeira na calçada!

Lembro-me agora do leite mungido, de manhazinha, lá no quintal, onde o senhor ficava rindo do “bigode branco”, que o leite mungido fazia nos lábios da filharada.

E as cartas, que o senhor escrevia, enviadas aos filhos que se espalhavam mundo à fora, na busca de vencerem na vida em Fortaleza, Teresina e Salvador?! E foram muitas! Afinal, também eram muitos os filhos. Letra firme. Redação perfeita! Sem dúvida, inspirou a todos nós no caminho da escrita, da educação e do bom gosto pela arte e cultura em suas mais amplas possibilidades! Tenho todas as cartas que o senhor escreveu pra mim…

Meu querido pai Gerardo, vou ficar por aqui, prometendo voltar a lhe escrever com mais frequência!

Feliz aniversário!

Feliz Natal!

Nós te amamos!

Beijos do filho

Jader

Ps.: Fico muito feliz quando o senhor  marca  presença nos meus sonhos!

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Sobre Massapê – “O Primeiro Texto”

Jader Soares

Hoje, 13 de dezembro de 2021, dia de Santa Luzia, resolvo, finalmente meter os dedos nas teclas do meu computador para falar Sobre Massapê. Não só falar, mas, prometer a quem possa interessar, publicar, toda segunda-feira um texto sobre a cidade onde nasci e vivi até meus quase 18 primeiros anos.

Aqui pretendo falar dos mais variados assuntos. Aliás, assunto é o que não falta.

As publicações serão no Blog do Zebrinha… Zebrinha é um camarada que parece muito comigo. Às vezes, inclusive, penso até que o Zebrinha sou eu! E talvez, até seja.

Venho pensando em fazer estas publicações como um exercício de escrita, como também, contribuir com informações sobre esse pedaço de chão do nosso querido estado do Ceará.

Se vai ter humor? Com certeza! Se não tiver humor, não tem graça!

Eita, que tô numa cede danada pra começar logo este negócio!

Este primeiro texto é sobre tudo, e sobre nada. É uma espécie de introdução ao que virá! E o que virá? nem eu sei, mas, que virá, virá!

Viva Massapê!

Em tempo: se algum conterrâneo quiser sugerir algum tema, num se encabule não!!! Mande de lá, que eu repondo de cá!

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